Muitas pessoas chegam ao consultório com uma ideia do que é “fazer terapia”: falar sobre a vida, sobre problemas, sobre sentimentos. E, de fato, a palavra ocupa um lugar central nesse encontro. Mas há momentos em que as palavras se esgotam. O assunto parece escapar, a emoção prende na garganta, ou simplesmente não há o que dizer. É aí que o silêncio aparece.
Muita gente estranha esse instante. Alguns pensam que estão desperdiçando o tempo da sessão, outros se sentem constrangidos, como se fosse obrigação preencher o espaço com falas. Mas, na terapia, o silêncio não é vazio, ele é presença.
O silêncio pode ser um modo de sentir. Ele deixa que a emoção encontre caminho sem precisar ser apressada por explicações. Pode ser também um gesto de contato: às vezes, estar em silêncio diante do outro é mais verdadeiro do que falar qualquer coisa para disfarçar.
Na Gestalt-terapia, o silêncio é visto como parte do diálogo. Não é ausência de comunicação, mas um outro jeito de comunicar. Cabe ao terapeuta sustentar esse espaço, não forçar palavras, mas estar junto no intervalo. É nesse tempo que podem surgir percepções novas, que o corpo pode se ouvir, que a pessoa pode se encontrar consigo mesma.
Na vida fora da terapia, o silêncio também nos assusta. Temos pressa em responder, em preencher, em nos distrair. Mas aprender a ficar em silêncio, dentro de si e diante do outro, pode abrir espaço para algo mais profundo: um contato mais honesto, uma escuta mais sensível, uma presença mais inteira.
O silêncio fala. E, muitas vezes, diz exatamente aquilo que as palavras não conseguem.