Ser autêntico parece simples: basta ser você mesmo. Mas, na prática, é um dos maiores desafios humanos. Desde cedo aprendemos a ajustar o tom de voz, a esconder sentimentos, a vestir máscaras para caber em grupos, famílias e expectativas. Aos poucos, vamos nos afastando daquilo que sentimos de verdade.
A autenticidade carrega um risco: mostrar-se pode gerar julgamento, rejeição ou conflito. Por isso, muitas vezes optamos por silenciar desejos, sorrir quando não queremos, dizer “está tudo bem” quando não está. Essas adaptações nos protegem, mas também podem nos aprisionar.
Na terapia, esse tema aparece constantemente. O espaço terapêutico se torna um convite para experimentar ser quem se é, sem máscaras, sem a obrigação de agradar. É um exercício delicado, porque o medo de não ser aceito também entra junto. Cabe ao terapeuta acolher esse movimento, sustentar o desconforto e validar a coragem de se mostrar.
A Gestalt-terapia nos lembra que a autenticidade nasce do contato real: comigo mesmo, com o outro, com o momento presente. Não é uma rigidez de “falar tudo o que penso”, mas uma abertura para viver de forma mais congruente com o que sentimos. Ser autêntico é poder habitar a própria vida de maneira inteira.
No fundo, a beleza da autenticidade está em que, mesmo arriscada, ela nos aproxima de uma experiência mais viva. É quando nos mostramos como somos que criamos vínculos verdadeiros. É quando deixamos cair uma máscara que respiramos mais fundo.
Ser quem se é pode ser assustador, mas é também o caminho mais humano e libertador que podemos percorrer.