Nem sempre é fácil olhar para as nossas rachaduras.
Elas doem, expõem, assustam.
Mas e se elas também revelassem algo de essencial?
A minha logo carrega um símbolo: o kintsugi — uma técnica japonesa que consiste em reparar cerâmicas quebradas com pó de ouro. Em vez de esconder as fraturas, o kintsugi as transforma em parte visível da história, dando-lhes valor.
Escolhi esse símbolo porque acredito que o processo terapêutico é justamente isso: um caminho de resgate, acolhimento e reconstrução, onde as marcas não são apagadas, mas integradas.
Na Gestalt-Terapia, não buscamos “consertar” alguém como se fosse uma máquina quebrada. Buscamos dar forma à experiência, acolher o que ficou interrompido, e criar um novo contato com a própria história. As rachaduras não nos diminuem, elas nos moldam, nos contam, nos ampliam.
Por isso, a imagem do kintsugi na minha logo não é apenas estética.
Ela é um lembrete: você não precisa esconder suas dores para merecer cuidado.
Se você se sente em pedaços, fragmentado, fora do lugar, saiba que isso pode ser o começo de um reencontro com algo valioso em si.
E que talvez, ao invés de voltar a ser como antes, você possa se tornar algo novo, com mais verdade, presença e inteireza.